quarta-feira, 24 de abril de 2013

OS TIRANOS DA HORA.




Os nossos "letrados" sempre tiveram esse comportamento. Eram apegadíssimos a El Rey quando já países como os Estados Unidos e a França davam todo o poder a quem de direito, ao dono da casa, ou seja, ao povo. Depois, viviam pendurados no Imperador. Esgotado este modelo, tornaram-se as vivandeiras de portão de quartel, como disse um general enfadado afastando as mãos deles de suas cansadas partes pudentas.

Enfim, os nossos "letrados", incluindo aí os que escrevem e falam na grande imprensa (e, talvez, toda a ancienne classe média), sempre tiveram um medo danado do povo. Sempre advogaram que o poder fique com um pequeno grupo, ou apenas com uma parte da população, a fim de que melhor o controlem, mantendo a totalidade da população distante e tutelada.

Não é o que acontece agora? Ora, se é democracia, e na democracia todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido, então, mais poder têm que ter os eleitos do que os nomeados ou concursados. Mas, não; lançam irresponsavelmente a nação sob o jugo de mais um golpe; e os empolgados da suprema corte aceitam o patético e lamentável papel de coveiros da república, candidatando-se à imortalidade nos escaninhos mais repugnantes da história.

O rei passou ao imperador dizendo: "Meu filho, que fique para ti antes que um aventureiro deite mãos". E os generais passaram aos bacharéis dizendo: "Se não pode mais ser nosso, que seja de vocês, antes que o povo acorde e descubra que o poder lhe pertence".

Daí, fugiram da assembléia constituinte exclusiva, convocando o congresso de sempre, mapeado na ditadura e ainda com algumas figurinhas eleitas antes mesmo do que nisso se pensasse, afastando, dessa forma, o povo do debate. E mais, com partidos criados há poucos anos e desconhecidos ainda do eleitor, este votava em pessoas errando seus partidos, mas, por uma legislação eleitoral esdrúxula os votos eram computados para a agremiação citada. Como submeter o fruto de tal estelionato a um referendum? Outorgaram, cinicamente postados à beira do berço esplêndido onde a nação dorme seu eterno sono, uma constituição ilegitima e casuísta, cercada de "cláusulas pétreas", esquecidos de que a estrutura literalmente pétrea do Código de Hamurabi e das Doze Tábuas de Roma não impediu que a história os pulverizasse.

Se a população elege um Congresso para fazer as leis do país, e o Congresso é subjugado por um poder não eleito, então o povo não faz suas leis. E uma nação onde o povo não faz as leis, nem determina o modo e as formas de governo, pode ser uma jabuticaba, mas nunca uma democracia.