sábado, 3 de março de 2012

HOJE É O HOUAISS; AMANHÃ QUEM SERÁ?

O Ministério Público Federal quer proibir o Dicionário Houaiss, um dos melhores da língua portuguesa, sob alegação de que a obra contém referências "preconceituosas" e "racistas" contra ciganos. Um pouco de luz nesses procuradores e enxergariam a classificação de "pejorativa" na acepção questionada. Acontece que todos os dicionários do mundo procuram registrar todas as acepções dos vocábulos, as consideradas padrão, as mais usadas, as regionais e, também, as pejorativas.
Sob protesto, a editora e a família do Houaiss concordaram com a vergonhosa censura: retiraram do dicionário as acepções pejorativas.
Pensam que os procuradores se deram por satisfeitos sendo vitoriosos nessa que é a mais abjeta das ações, a censura? Não. Querem a censura total. Alegam que o dicionário cometeu crime de racismo, e querem sua morte, sua extinção, sua retirada de circulação. Além disso, querem que a editora pague uma multa milionária pelo "delito".
Já pensaram, termos que viajar para Angola ou Moçambique quando quisermos adquirir um bom dicionário de português, tal como os argentinos sob a ditadura militar tinham que viajar ao Brasil para adquirirem livros sobre psicanálise?
Os militares-censores argentinos, que ontem eram promotores e juízes daquele povo, estão hoje no banco dos réus, execrados pela história.
Será que se eles lerem esta notícia na solidão de suas celas, não poderão pensar, a respeito desses nossos procuradores: "Nós somos vocês amanhã?"

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