terça-feira, 26 de abril de 2011

LEGISLADORES, JULGADORES E PROMOTORES: UNIDOS CONTRA O POVO?

Como se vê, por este Brasil a fora, esqueletos de obras!
Onde havia uma cancha esportiva, pequena mas que servia à comunidade, agora se vê o enorme esqueleto de um ginásio de esportes inacabado, em ruínas, utilizado impunemente por moradores de rua e consumidores de craque.
Ora é um pequeno erro na licitação, ora um desvio de verba, as desculpas se sucedem e permitem às "otoridades" paralisarem obras e mais obras e elevarem seu orgulho de ilegítimo poder.
E o povo é punido quantas vezes? Vejamos.
Primeiro, tem que sustentar os salários e mordomias dos senhores do Estado.
Segundo, vê os impostos pagos com seu dolorido suor esvair-se no erro ou na corrupção.
Terceiro, fica sem o bem de uso público: seus filhos empilhados por falta de escola, doentes por falta de hospitais, e sem laser por falta dos ginásios; todos em obras paralisadas pelos orgulhosos e obesos senhores do Estado.
Quarto, perde a segurança por ganhar em sua vizinhança um antro de vício e desvios tratados com complacência pelos mesmos senhores citados.
Quinto, vê suas propriedades se desvalorizarem ou se tornarem invendáveis pela proximidade daquele desastre que é o enorme esqueleto de obra inacabada albergando marginais protegidos da lei e da desordem.
É pouco? E os envolvidos, os que deveriam ser realmente punidos?
Esses, com bons advogados, sócios na ilegítima legislação vigente, rebolam entre os recursos, agravos, desagravos, e outros trâmites espúrios, e permanecem impunes.

Se houvesse um pouco, um pouco só que fosse, de bom senso e inteligência entre os senhores do Estado (todos: legisladores, julgadores, promotores, executores, et caterva) as coisas seriam diferentes. Afastavam e processavam o incompetente que errou na licitação, ou o desonesto que desviou fundos, e passavam a continuidade da execução da obra para outro executor, outro órgão, outra instância, ou um interventor. Mas, não puniam o povo!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A FLORESTA

Eu consigo imaginar como deve sentir-se o índio quando lhe tomam a floresta.
Dos sete aos quatorze anos vivi numa cidade cercada de florestas.
Havia uma em especial, que começava atrás da máquina de café do meu tio,
e se estendia até o início dos cafezais e de um campo de pouso.
Eu e meus amigos vivíamos a explorá-la...
Vários anos depois eu voltei lá, mas a floresta já não existia.
Confesso que chorei.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

GEMA, GEMA, GEMA...

Lembram da brincadeirinha de infância? -"Diga: gema, gema, gema..." -"Como é que chama a clara do ovo?" -"Gema!"
Assisti a entrevista do Bolsanaro naquele programa argentino e, o que notei, foi isso. Fizeram uma série de perguntas sobre homossexualismo; e, todo mundo sabe que ele é homofóbico; no final, a filha do Gil vem e pergunta o que ele faria se seu filho namorasse uma negra. Como toda comunicação tem ruídos; além do quê, é comum entrarmos em armadilhas quando o assunto muda bruscamente; não deu outra: tenho certeza de que o cara entendeu "se seu filho namorasse um gay".
Basta atentar para a resposta dele: "meu filho não corre o risco dessa promiscuidade, porque não vive num ambiente como lamentavelmente é o teu!"
Pelo jeito ele é homofóbico, mas, não racista.
Só que as pessoas fingem que entendem o que lhes interessa entender...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

E NÃO ENTENDO TAMBÉM O QUE OUÇO!

Alguém viu na tv o caso das tornozeleiras usadas pelos States nos condenados autorizados a trasitarem por aí, que, importadas para o Brasil, aqui não deram certo?
Deu na Globo.
Dispensa comentários tamanho absurdo...

domingo, 3 de abril de 2011

EU NÃO ENTENDO MAIS O QUE LEIO!

Parece que eu li na IstoÉ dessa semana que os nossos nobres juízes pretendem entrar em greve no próximo dia 27 se não aumentarem seus salários dos míseros R$26.000,00 mensais que recebem, para R$30.000,00 mensais! Quem será essa autoridade cruel que se recusa a pagar-lhes R$360.000,00 por ano, e quer obrigá-los a continuarem com seus parcos R$312.000,00 anuais? Aliás, parece que são "autoridades cruéis", no plural, porque a mesma notícia dizia que os juízes pretendem processar os congressistas por omissão, se eles não votarem o tal aumento. Já vimos tudo? Imaginemos, então, uma sentença judicial determinando no quê alguém deva votar!

Falar em sentenças, lembro de decretos; e lembro de uma história bastante conhecida e repetida de que o Imperador do Japão, no século XIX, ao traçar a estratégia para sua nação alcançar rapidamente o desenvolvimento técnico e industrial do ocidente, determinou, decretou, que ninguém poderia ganhar mais que o mestre-escola. Todo mundo sabe que esse era o nome do professor primário na época; hoje em dia, também conhecido como "professor do ensino fundamental". E fez mais: como todo mundo era obrigado a reverenciar o Imperador, ele decretou que dali em diante o mestre-escola seria o único ser dispensado dessa reverência; e, mais ainda: o Imperador é quem se curvaria em reverência ao professor primário.

Já pensou se os nossos congressistas resolvessem realmente catapultar nosso país para o rol dos desenvolvidos, e fizessem um decreto semelhante: ninguém, nem mesmo um juiz, poderá ganhar mais que um professor primário? E, mais, determinassem que os juízes ficariam obrigados a chamarem os professores primários de "meritíssimos" e "excelências"?

Mas, como tudo vai ficar do jeito que está, eu fico pensando se esses mesmos juízes terão coragem, a partir de maio, de decretarem a ilegalidade de uma greve dos professores primários pleiteando elevação do seu piso salarial de R$600, para R$900. Ou mesmo de R$1.000 para R$1.500, no caso de Curitiba, que é o maior do Brasil.

E o bobo aqui fica comentando essas coisas, arriscando se indispor com gente tão nobre e operosa. Seguramente, eu não li direito a notícia. Ou, como se trata da primeira semana de abril...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ALGUNS DAQUELES TAPAS AMIGOS NA CARA PARA ACORDARMOS...

"A auto-estima elevada pode ser prejudicial para você e para os que lhe são próximos. Pense sobre o seguinte: quando falta a alguém a capacidade de autocrítica, ele pode atropelar os sentimentos dos outros - ou seus direitos- sem remorsos".
"A culpa é uma emoção nobre; a pessoa que não a sente é um monstro".
(Paul Pearsall)

LILIPUTIEDADES

Conheço um país que se julga uma democracia porque possui três poderes.
Assim como uma área aqui perto que se julga uma floresta porque tem três esquilos;
e um vizinho mais adiante que se julga um agro-negociante porque tem três porquinhos.
Os três poderes são: o poder eleito; o poder corporativo; e o poder sacerdotal.
O poder corporativo é o mais forte; realmente, um poder; últimas instâncias de qualquer suplicação individual ou coletiva. E, dentro dele, as corporações mais poderosas são a dos defensores regulamentados -- única alternativa imposta aos que suplicam ao poder sacerdotal --, e a dos noticiadores e comentadores regulamentados -- porta-vozes e mediadores das vontades populares de expressão. Todos estes, devidamente formatados no ensino oficial, e registradinhos em suas ordens, associações e sindicatos. A dos defensores regulamentados ganhou assento -- e acento -- até num texto confuso e prolixo que o tal país chama de constituição. A dos noticiadores não tem tal assento -- nem acento -- mas mete medo. Os membros do poder eleito e do poder sacerdotal são, usualmente, altaneiros e arrogantes com o populacho e até entre si. Mas, quando um membro da corporação dos noticiadores entra pela porta, qualquer membro dos outros poderes salta pela janela. Todos têm medo da imagem que podem projetar sobre filhos, parentes, vizinhos, ou para a posteridade. Além dessas duas, existem as corporações dos diagnosticadores e curadores, dos construtores, dos guerreiros, e outras. Todas juntas talvez consigam poder equivalente àquelas duas.
O poder sacerdotal é composto dos julgadores e dos provocadores de justiça. O que o faz sacerdotal é a total independência em relação aos cidadãos mantenedores -- e quem é mantenedor compulsório é, na verdade, um servo. Seus quadros são completados -- para não dizer locupletados -- por eles mesmos, pelos mais antigos, em concursos internamente preparados; e as chefias em listas sêxtuplas, que se tornam tríplices, e acabam unas; assim como a fixação de seus vencimentos. Nesse tal país ninguém nota que todo salário fixado arbitraria e autoritariamente pelo próprio servidor torna-se uma extorsão. Outra característica da sacerdotalidade é a forma mística e sacralizada com que exigem serem tratados, prenhe de deferências e palavras terminadas em íssimo. Devem ser tratados da mesma forma temerosa e respeitosa que, instruem os delegados, deve o pobre cidadão mantenedor tratar o marginal que lhe aponta a arma na hora do assalto. Vejam vocês, o poder de ingerência é tanto que um educador, doutrinado por Rousseau, Pestalozzi, e tantos outros, no momento de subsidiar a formação de um educando, deve pedir autorização para um julgador que nunca leu Freud ou Piaget. Um diagnosticador-curador, para sua própria sobrevivência, deve dar mais atenção aos formulários e prontuários exigidos por um provocador de justiça, do que ao pobre paciente. Quem manda pertencerem a corporações mais fracas.
Finalmente, o poder eleito; sempre relacionado em primeiro lugar mas que possui menos poder dentre os três. Talvez até possa ser chamado de poder otário. Sua vertente executiva é constantemente achincalhada pelo poder corporativo e acuada pelo poder sacerdotal, tendo, não obstante, que trabalhar servilmente para sustentar a ambos. Sua vertente legislativa vive pressionada entre as ameaças e gritos do poder corporativo -- que exige essas ou aquelas leis em seu benefício --, e as ingerências do poder sacerdotal -- que lhes cancelam as leis, ou decidem sua aplicação e seu âmbito, deformando-as com um aferidor fajuto de constitucionalidade.
O povo desse tal país, coitado, sustenta tudo isso com seu suado trabalho diuturno e não tem poder nenhum; pois o seu mísero poder é eleger o poder eleito, dentro das regras e interpretações impostas pelo poder sacerdotal, que também possui o poder de recompor o quadro dos supostamente eleitos, baseados em fichas sujas ou limpas que eles mesmos preencheram adredemente. Além de, esse tal povo, ir à eleição sob uma massacrante manipulação orweliana -- para não dizer goebelsiana -- por parte do poder corporativo, especificamente a corporação dos noticiadores e comentadores.

Well, ainda bem que esse país não é o nosso. E que ninguém leva a sério o que eu escrevo. Afinal, hoje é primeiro de abril.