quarta-feira, 7 de maio de 2008

O MUNDO DÁ VOLTAS

O mundo dá voltas, sabem os físicos há muito tempo. E aprendem os que nem se importam com a matemática. Um órgão da ONU, certamente composto por pessoas que lá estão garantindo altos salários, deu chute em cachorro morto, apressando-se em desgrudar sua imagem do Ronaldinho logo após o escândalo, ainda fumegante, dos travestis. Isto, depois que o moço, a pedido do próprio secretário-geral participou de inúmeras campanhas humanitárias daquele órgão. São voltas do mundo. Ronaldo também, se já não chutou cachorros mortos, os chutou bem agonizantes. Num entrevero, preteriu Cicarelli em favor de um cára nada travestido que lhe disputava a atenção, ostentando um "enfeite" (lembram do Soylent Green?) que era desafeto dela. Logo depois, quando o presidente Lula, acossado por inúmeros escândalos e cpi's, disputando uma desgastante reeleição, fazendo a rotineira relações públicas do presidente em vésperas de copa de mundo, resolveu externar uma brincadeirinha inocente que grassava em todo o país a respeito do peso do Ronaldo, levou em troca uma agressiva e arrogante alusão àquela reportagem apócrifa sobre a cachaça. O próprio interlocutor do presidente na ocasião, o Parreira, gostou de dar seus chutinhos. E, logo num presidente democrático como o Lula. Admiro a coragem de quem chuta pitbuls ou rotivailes em pleno vigor, como o Saldanha fez com o Médici. O presidente mais temido e incensado da nossa história; que autorizava prisões arbitrárias, massacres em câmaras de tortura, e dava-se ao luxo de dizer que era acidente de trabalho quando um torturado morria nas garras de um torturador. Pois bem, esse Médici, acostumado a ver seus desejos atendidos como lei, e os apresentadores de televisão apresentarem seu retrato colorido como luxo, manifestou o desejo de que um jogador, certamente afilhado seu, integrasse a seleção de 70, sob direção do João Saldanha. Este, comunista de quatro costados, respondeu a frase famosa: "O presidente escala o ministério; eu escalo a seleção". Foi demitido no outro dia, com as honras da presença policial em pleno treino. Daí, o Parreira, quando soube que o Lula, falando não como presidente e sim como torcedor, sugeriu um craque, repetiu garboso, sentindo-se um herói, a frase do Saldanha, sem dar o devido crédito da autoria. E os jornalistas presentes, na certa jovens que não conheciam o passado, regalaram-se com a falácia do técnico. Bem disse o Marx, que os fatos históricos costumam acontecer duas vezes: na primeira como tragédia, na segunda como comédia. Logo com Lula, que deixa o Morales mijar no seu sapato, o Chavez desmanchar seu cabelo como se faz com meninos, o juiz dizer que a oposição pode mandar processos que serão bem recebidos no tribunal, o militar criticar políticas indígenas, e continua fazendo humildemente seu trabalhinho econômico, que é só o que a constituição corporativista do país lhe permite fazer. O mundo dá voltas. Quem chuta cachorro morto, encontra seu fila pela frente. Um dia a unicef vai encontrar o dela.

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