quarta-feira, 21 de maio de 2008

DEUS, UM DELÍRIO?

No prefácio do livro “Deus, um delírio”, do Richard Dawkins, ele escreve: “Se este livro funcionar do modo como pretendo, os leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem”. Desafio tentador. Mas, há um erro na pretensão. É possível ser teísta e não-religioso. Ou, é possível abrir o livro como teísta e religioso, e terminá-lo não-religioso, não obstante, continuar acreditando em Deus. Eu mesmo, abri o livro sendo, de certa forma, ateu; pois, não acredito em nenhum dos deuses, ou das concepções de Deus que por aí existem. Não acredito nem mesmo na ausência de Deus, dos budistas. Nem no Deus de Spinoza. Não acredito que Deus tenha dito a Moisés, Maomé, Lucas ou Mateus, qualquer coisa que não tivesse dito também a mim. Por isso, creio em Deus à minha maneira. À maneira da minha ignorância. Pois, não sei como ele é, nem o que realmente quer, ou o que pretendeu fazendo o mundo, se é que o fez. No entanto, creio o suficiente para me encontrar esgrimindo contra ele, na torre, nos momentos de revolta ou dúvida. Ou para encontrar consolo numa prece, nos momentos de angústia e dor. Como nada sei sobre ele, não acredito que alguém o saiba e possa me ensinar, por mais velhos e sacralizados sejam seus escritos. Também não aconselho a ninguém crer à minha maneira: somos iguais, cada um erre por si. Ou deslize em seu próprio delírio, pra usar a visão do autor. Na verdade, o que Dawkins conseguiu combater muito bem não foi a idéia de Deus; foi a religião. Principalmente a religião organizada, que é o cadáver da religião. E foi um bom e útil combate; por isso recomendo a leitura do livro. De minha parte, posso assegurar que li e fiquei convencido de que Deus existe, mas está muito mal representado na Terra.

3 comentários:

Alan Abiatar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Todas disse...

Gostaria de ler esse livro, pois gosto muito de questionar tudo, principalmente em se tratando de religião.
Conhecendo um pouco o Donha, posso ter certeza que é um bom livro...
Para quem vai ler o livro...boa leitura....

itacir luchtemberg disse...

Estou na metade do livro. No começo, achei interessante. Agora, estou achando meio chato. A arrogância e o reducionismo do autor são equivalentes à arrogância e ao reducionismo de muitos religiosos tradicionais, que ele pretende combater. Como crítica das religiões, o livro é válido; como "prova" da inexistência de Deus, é um delírio!