domingo, 20 de abril de 2008

Criminalidade e midia

Não é fácil encontrar um ponto de equilíbrio. Um fato incontestável é que nada deve ficar escondido; tudo deve ser revelado. Mas, entre revelar um fato, ou seja, informar, e aproveitar oportunidades criando sensação que alavanque audiências, deve haver um ponto de equilíbrio. Ouvi uma vez que o saudoso Samuel Weiner, na distante década de 50, quando dirigia o jornal Última Hora, de circulação nacional, notou que ao ser noticiado em primeira página um determinado crime ocorrido no Rio, na mesma semana o crime se repetia em outras capitais do país. Determinou, então, aos seus redatores, que não colocassem chamadas das notícias de crimes na primeira página. Atitude ética. O recente caso da menina Isabela elevou a audiência dos telejornais em 46%. Em alguns casos, o destaque dado a certos crimes ocorridos no eixo Rio-São Paulo, permite-nos profetiza-los nas demais capitais e centros menores do país nos dias subsequentes. Em outros casos, a insistência com que exploram o caso, leva a sociedade a um estressamento que anestesia a capacidade de indignação, tendo como conseqüência a vulgarização da violência. Mas, é incontestável que nada deve ficar escondido: tudo deve ser revelado. E não é fácil encontrar um ponto de equilíbrio.

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